sexta-feira, 22 de maio de 2009

Muitos 'olhares cruzados' na profissão de jornalista

Alfredo Maia, presidente do Sindicato de Jornalistas

Nos primeiros quatro meses do ano, 99 jornalistas já pediram subsídios de desemprego. Foi desta forma que Alfredo Maia, presidente do Sindicato de Jornalistas, iniciou a sua intervenção. O dado pareceu ainda mais relevante e assustador, quando o próprio o comparou com os números totais do ano de 2008: 96. A isto, o sindicalista chamou “consequências da crise”.

Atentando no título do painel “Olhares cruzados sobre as práticas de Regulação em Portugal”, Alfredo Maia disse haver três aspectos interessantes a ter em conta: um é a multidão de olhares exteriores sobre a forma como se exerce a profissão; outro é os olhares dos jornalistas sobre si mesmos; por último, os olhares que passam a ser possíveis de construir, estes partilhados por jornalistas e por empresas.






















(Alfredo Maia criticou retaliações das entidades à forma de fazer jornalismo. Foto: João Figueiredo)

O presidente do Sindicato salientou que a profissão de jornalista é das mais escrutinadas em Portugal e que esse escrutínio é feito de muitas formas. As pessoas “ao comprarem este jornal e não aquele, já escrutinam o trabalho do jornalista, as pessoas que são objectos de notícia, podem exercer o direito de resposta e estão a escrutinar”.

Alfredo Maia acrescentou ainda, a retaliação que as entidades fazem em relação à forma como se faz jornalismo, este um escrutínio ilegítimo, assim como o recurso aos tribunais, onde os crimes cometidos pelos órgãos de comunicação têm pena agravada e a intervenção de outras entidades com poder de regulação (ERC, por exemplo), também são formas de escrutínio.

O sindicalista afirmou que “o desenvolvimento de redes de comunicação alternativa são outra forma de escrutínio”. Este ponto, é uma espécie de “Revolta dos Escravos”, porque estes se sentem descontentes com os media e procuram recolher eles a informação, sendo mediados por essas redes.

Alfredo Maia referiu que houve uma evolução na Comissão da Carteira Profissional por força da revisão do Estatuto do Jornalista. Segundo o presidente do Sindicato, esta passou a ter competências disciplinares: “foi criada uma secção disciplinar e foi aprovado o regulamento”, que entrou em funcionamento no passado Outono, não contendo, até agora, muitas queixas.















(Primeira sessão da tarde debateu os "Olhares cruzados sobre as Práticas de Regulação em Portugal”. Foto: João Figueiredo)

E quanto ao futuro do Conselho Deontológico? Terá este órgão um futuro? “O Conselho Deontológico tem todo o futuro”, garantiu, explicando que existem vários motivos para isso: “a Comissão da Carteira não esvazia o Conselho Deontológico, até porque é um órgão dentro do Sindicato; o Conselho continua a ser um órgão conhecido e representativo” em termos, por exemplo do sigilo profissional, garante que o que a lei do Processo Penal consagra ao jornalista seja cumprido; outro dos motivos é que o Conselho é a matriz identitária única do Sindicato dos Jornalistas. No dia em que perdesse o Conselho Deontológico, passava a ser como os demais sindicatos.

Quanto à auto-regulação no sector, Alfredo Maia falou numa tentativa de experiência de Conselho de Imprensa, terminando, assim, a intervenção. Isso levava ao “levantamento e avaliação das respostas de auto-regulação existentes e ao levantamento das necessidades do sector”.

(Texto: Claúdia Fernandes)

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